quinta-feira, 22 de abril de 2010

ESTRADA VELHA (BASTANTE VELHA) DE JACAREPAGUÁ

Na última sexta feira, dia 16 de abril de 2010, recebemos por email uma reclamação quanto a falta de conservação da Estrada Velha de Jacarepaguá. Atendendo ao que se propõe este projeto, estivemos no local para constatar a gravidade da situação.

Observando a imagem abaixo, pode-se notar facilmente a importância desta via. O trecho grifado em roxo corresponde ao somatório das Estradas de Jacarepaguá, do Itanhangá e da Barra da Tijuca, antigamente conhecido como Estrada Velha de Jacarepaguá.



O bairro de Jacarepaguá atualmente está passando por um crescimento fantástico, com aumento incrível no número de edifícios, acarretando também uma expansão comercial muito grande. Esta Estrada, além de ser uma das únicas vias de grande porte da região, é a responsável pela conexão de Jacarepaguá com a saída da Barra para Lagoa, e, se estivesse em boas condições, certamente ajudaria a reduzir o fluxo na Serra Grajaú – Jacarepaguá e na Av. Ayrton Senna.

Infelizmente a situação da Estrada Velha de Jacarepaguá é bastante crítica, logo em seus primeiros quilômetros encontramos o primeiro obstáculo. Devido ao seu intenso movimento de veículos pesados, como ônibus e caminhões, e sua camada de asfalto que há muito tempo não é renovada, a estrada começa a ceder.



No acesso ao ponto de ônibus existe uma vala negra, deixando todos que o aguardam atentos para não tomar um “banho”.



A prática reiterada de operações “tapa-buracos” na região deixa até mesmo os trechos que não os possuem desconfortáveis para quem trafega na via.



Este quebra galho que a administração pública teima em realizar na verdade ajuda na proliferação de buracos pela cidade, uma vez que altera a superfície das ruas aumentando o atrito com os pneus, o que leva ao desgaste prematuro do asfalto, aumentando ainda o peso sobre o solo a cada camada que é aplicada, deixando-o frágil.





Para nossa surpresa, no dia em que estivemos no local, lá estava a prefeitura realizando a maldita prática.



Passando da comunidade do Rio das Pedras, onde o transito de pedestres é alucinante, alcançamos a Estrada do Itanhangá, local onde a situação da via nos relembra o descaso dos políticos com a nossa sociedade. Começando por um trecho de aproximadamente um quilometro sem acostamento, sem sinalização e até mesmo sem iluminação.



Pouco mais a frente podemos observar o desgaste do asfalto, que, além de não receber uma nova camada, há anos sofre com os freqüentes alagamentos na região.


Outro fato muito importante para deterioração desta estrada é a ocupação irregular do solo, havendo grande ocorrência de tubulações de água clandestinas. Muitas destas sob o asfalto da Estrada Velha de Jacarepaguá. Na foto abaixo é aparente o flagrante desta prática muito corriqueira na região.



Na altura da conhecida Comunidade Tijuquinha a situação fica realmente alarmante. O asfalto deu lugar a inúmeros buracos, cheios de água, tendo o motorista que redobrar a atenção para escolher em qual cair. Em função deste trecho estão ocorrendo engarrafamentos diários no local.





Assim como a Estrada Velha de Jacarepaguá, sabemos que inúmeras outras se encontram em estado elevado de degradação. A conservação das vias de rodagem urbanas é importante não só para evitar os danos materiais aos usuários, mas também para evitar acidentes, fazer o trânsito fluir nos grandes centros, encurtar distâncias e trazer segurança a população.

Portanto deve a administração pública promover já um estudo de condição de uso das vias públicas, elencando-as por importância e grau de degradação, e desta forma iniciar a recuperação de sua malha rodoviária em âmbito estadual e municipal.

Chega de “tapa-buracos” –

O Estado do Rio Merece Mais.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

DÉCADAS DE ENCHENTES

“Um dia Deus,
fechou os olhos, respirou bem fundo,
e escolheu o seu lugar no mundo,
disse que ali seria o seu refugio;


E revelou,
que ali faria as montanhas mais belas,
derramaria oceano em torno delas,
e pintaria o céu de um novo azul...”

Como pode-se observar no trecho da música Terra Prometida, autoria de Maria Fernanda Geraldi Freitas, acima citado, Deus fez o seu papel. Deu ao Rio de Janeiro um cenário deslumbrante.

Não sabia ele que suas belíssimas montanhas seriam ocupadas de forma desorganizada, e ainda, que as autoridades responsáveis pela administração do seu paraíso nada fariam para evitar esta ocupação e também para direcionar a força das águas derramadas.

O Estado do Rio de Janeiro passou na última semana, dia 5 de abril de 2010, por mais uma tragédia anunciada, as chuvas torrenciais que causaram enchentes, deslizamentos de terra, mortes e prejuízos de diversas naturezas.

As chuvas no Rio de Janeiro são resultado de um conjunto de fatores que a décadas se repetem, e nenhuma medida efetiva foi tomada, sofrendo o estado com enchentes nos anos 40, 50, 60, 70, 80, 90 e a última agora em 2010.

Existem os fatores naturais, que independem de ajuda humana, que são o posicionamento global no trópico de capricórnio, zona de chuvas fortes resultante de encontro de massas de ar. A topografia montanhosa a beira mar que acarreta nas chuvas de falésia, e ainda a vegetação típica de mata atlântica que se desenvolve em uma fina camada de terra sobre os maciços rochosos, ficando propicias ao deslizamento.

Já os fatores artificiais, resultantes da atividade humana, como a ocupação desorganizada das encostas, acarretando em um desmatamento criminoso da mata atlântica, que é a responsável pela estabilidade do terreno. O depósito de lixo em vias públicas, fazendo com que este siga o caminho das águas entupindo bueiros e galerias, e a opção do estilo urbano de vida, realizando a troca do solo permeável pelo concreto.

Por fim os fatores políticos, atitudes que a décadas deveriam ter sido tomadas por nossos administradores, mas infelizmente ficaram estes inertes.

A política educacional sobre ocupação regular e organizada do solo, alertando também sobre o correto depósito do lixo, incluindo uma ação de incentivo a reciclagem, evitando a construção irregular e o entupimento de galerias pluviais.

O estudo de risco de áreas de encosta com a devida remoção das famílias dos locais em ordem de gravidade da situação, evitando as mortes por deslizamento, que somente este ano já atingiram o incrível número de aproximadamente 350 pessoas.

O início imediato de obras de infra estrutura urbana para evitar os alagamentos, como redimensionamento e limpeza de galerias pluviais, dragagem de córregos e canais viabilizando a drenagem e escoamento das águas.

Um exemplo de obra de infra estrutura urbana foi o Túnel Extravasor do Rio Maracanã, no final da década de 60. A SURSAN, uma secretaria especial de estudos e obras do então Estado da Guanabara, iniciou um estudo de bacias hidrográficas buscando solução para minimizar os alagamentos na cidade de Rio de Janeiro. Este seria um túnel de aproximadamente 7,5 km, a ser escavado entre a região da Muda (Alto da Tijuca) e o costão da Avenida Niemeyer, na entrada do Vidigal. Serviria como um ladrão, escoando as águas dos Rios Maracanã, Joana e Trapicheiros.

Seriam então evitadas as enchentes nos bairros da Tijuca, Andaraí, Maracanã, Estácio e principalmente a "famosa", que se repete em todos os anos, na Praça da Bandeira. Como o traçado do Túnel Extravasor atravessa outras serras e morros, seriam também captados os Rios dos Macacos e Rainha, responsáveis pelas enchentes que ocorrem nos bairros do Horto, Jardim Botânico, Lagoa e Gávea.

A obra foi licitada e a escavação do Túnel iniciada no final de 1969 pelo emboque do costão do Vidigal, sendo escavados 1500m de túnel por este emboque e, por falta de verbas, a obra foi paralisada no final de 1971. O pequeno trecho escavado existe até hoje.

Em resumo as tragédias ocasionadas pelas chuvas no estado do Rio são de responsabilidade de todos os seus habitantes, sejam políticos ou mero civis, mas certo é que as soluções estão nas mãos dos primeiros.

Nos jornais de hoje, dia 14 de abril de 2010, foram anunciadas algumas medidas que serão tomadas pela administração pública visando prevenir novas enchentes e deslizamentos. Esperamos somente que não parem antes mesmo da metade, como o Túnel Extravasor acima citado, pois em um futuro próximo chuvas como estas serão mais freqüentes e mais intensas em função do aquecimento global e outros fenômenos naturais.

Basta!

O Estado do Rio merece mais.

Veja o video sobre as enchentes: http://www.youtube.com/watch?v=BgVdMI2YkYw

Saiba mais sobre as enchentes no Estado: http://aleosp2008.wordpress.com/2008/11/29/rio-de-janeiro-as-grandes-enchentes-desde-1711/